segunda-feira, setembro 26, 2005

A NOSSA FALA XXVIII - BARRONDA

Quando me juntei ao tribunal, naquela tarde de fim de Verão, o debate em curso andava na política e nas eleições autárquicas que aí vêm. Por regra, vou àquela “sala de audiências” mais para ouvir do que para falar, por isso, apesar de chamado a depor por diversas vezes, mantive-me cautelosamente neutro. De qualquer modo, o tribunal assume invariavelmente a sua vocação para a acusação e eu também não tinha argumentos de defesa. O debate já estava a amornar quando se chega Ti Fcisco Choças.

- Santas tardes a todos qant’stão. Isto é que está uma cousa, já aí está o S. Meguel e não há meios de chover.

Vendo aqui uma oportunidade para introduzir tema mais profícuo, lancei:

- Olhe, já que fala nisso, sabendens vós o que é que têm em comum os dragões, o peso das almas e a agricultura?

Ti Manel Fretas desconfiou que havia marosca na pergunta, vai daí, respondeu em conformidade:

- É o caralho que ta foda.

Ti Eugénio, 95 outonos, o homem mais velho da aldeia, mais 6 que o outro, não hesitou a impôr-se:

- Tento na língua ó rapazinho. Atão mas qu’arrai!

Apressei-me a esclarecer:

- É o S. Miguel, porque matou um dragão, é o que pesa as almas quando chegam ao céu e marca o fim do ano agrícola.

Não se podia esperar que algum dos arguentes presentes no auditório fosse versado em dragões. Em boa verdade, nem eu era. Igualmente, a problemática do peso das almas também não era propriamente um tema sobre o qual pudessem ter qualquer opinião. Confesso: nem eu. Daí que tenha sentido um certo alívio por ninguém ter pegado em nenhum desses temas. Dei o objectivo como alcançado quando Ti Fcisco declara:

- É o fim da agricultura é, atão se no chove…

- Mas isso vai a mudar ó rapazes, vem aí a lua do S. Meguel e vai a cair aguinha que Deus a há-de mandar – titubeou na sua gaguez Ti Domingos Patanisca. Fez-se entender perfeitamente quando continuou:

- Essa cousa da lua mandar na agricultura é qê nunca entendi comédado. Ó Inserme, tu qu’és uma pessoa com estudos, explica lá a estes burros que somos nós como rai a lua manda nas plantas.

- Ó diabo! Agora que você me chapou ó Ti Domingos. A influência da lua na agrícola! Atão vamos lá a ver se me safo. Bom, eu só conheço uma explicação, mas se calhar há outras ideias, portanto o que eu vou a dizer pode não ser bem bem a coisa como ela é. Isso tem a ver com o efeito da luz nas plantas. As plantas agradecem duas coisas: a água e a luz, se falha uma, elas não crescem. É ou não é?

- Ai isso, poi claro, sem aguinha, nada feito.

- Exactamente! Aguinha, mas também luz. Ora, donde é que vem a luz? Do sol, durante o dia, da lua durante a noite. Certo? Que elas agradecem o solinho, isso todos nós já sabemos, não é verdade? É que é essa luz que permite que as plantas façam uma coisa que se chama fotossíntese...

- Mau! Atão agora as plantas também tiram fotografias? – saltou Ti Julho Aspirante.

- Claro que não, Ti Julho, mas deixe lá isso da fotossíntese, o que interessa é que as plantas precisam de luz durante o dia. Atão e de noite? Põem-se a dormir? Ná, as plantas não dormem, portanto, também agradecem a luz durante a noite, porque as ajuda a não parar de crescer. Ora, donde é que vem a luz de noite? Principalmente da lua, é ou não é? Atão, se assim for, conforme o quarto da lua, as plantinhas desenvolvem-se mais depressa ou mais devagar. Por exemplo, da lua nova à lua cheia, ou seja, no crescente, dizem os entendidos, devem-se semear as plantas que nos interessa que desenvolvam os órgãos reprodutores...

- Qu'arraio de porra é essa? - interrompeu, e bem, Ti Augusto Estanqueiro.

- Olhe, Ti Augusto, faça de conta que é como se as plantas estivessem BARRONDAS, com vontade de criarem muitas sementes para se multiplicarem, como a fava, a ervilha, o milho ou as flores. Repare que cada grão de fava, de ervilha ou de milho é uma semente, não é? E quanto mais sementes elas tiverem mai contentes ficamos nós, mas elas também, porque dão melhor continuidade à "raça", faz de conta. Está a ver Ti Augusto?

- Já intindi.

- Mas se nos interessar mais que se desenvolva a parte vegetativa, como as folhas ou as raízes, então o quarto minguante é melhor. Olhe, por exemplo as couves, as cenouras ou as cebolas devem ser semeadas no quarto minguante. Quero eu dizer com isto que, nas primeiras fases do desenvolvimento das plantas, elas são muito sensíveis à luz da lua, precisam dela ou para crescerem ou para se reproduzirem, e portanto, quando se diz que a lua manda na agricultura, isso pode ter a ver com a influência que a luz da lua tem nesse desenvolvimento das plantas.

- Hum! É capaz que seja, é poi!

O debate prosseguiu com depoimentos vários sobre as plantas que se dão melhor com o minguante ou com o crescente, sobre a vinha e o melhor quarto para a poda e a inevitável história que foi um burro que ensinou os homens a podar as videiras. Eu só me metia para tentar reafirmar a teoria. Quando me levantei, satisfeito, para abandonar a barra, Ti Domingos Patanisca gaguejou ainda:

- Já vi que tu sabes, rapaz, no és burro nanhum, digo-to eu, mas tamém no quero que te vás imbora sem aprinderes nada aqui co’s velhos. Falaste aí em burros e barronda e o catano... Atão tu sabes ver cand’é q’ma burra está BARRONDA?

- Eu? Ó Ti Domingos, sei lá eu ver uma coisa dessas…

- Atão! S’os burros sabem, e são burros…

31 comentários:

CanisLupusSignatus disse...

AAAAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!! Se mete a lua, mete lobos, e se mete lobos entro eu. A lua, esse astro magnífico "vivo", inspirador de momentos ímpares... Responsável por muitas coisas na agrícola, também o é por outras demais! Facilmente podemos verificar isso na nossa pessoa: unhas e cabelos obedecem à amiga lua pois crescem mais durante os crescentes:), e até a fertilidade da mulher segue à risca - umas vezes mais, outras menos (eheheh... aaaaauuuuuuuuuuuu...) - o ciclo de 28 dias do astro mágico e celeste!

O que muitos não sabem é a origem desta musa inspiradora de momentos poéticos inolvidáveis! Como é uma filha muito chegada aos seus, resolveu não abandonar o lar e faz companhia, dia e noite, à sua progenitora: TERRA! Por isso todos estes acontecimentos se interligam. A Lua é uma filha muito amiga da sua mãe:). Percorre a sua órbita sempre atenta e vigilante!

Despeço-me com um uivo especial para o astro celestial... aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Anónimo disse...

E a nossa Fala: TORRADO?

Anónimo disse...

Novamente acerca da LUA

É para algumas pessoas difícil dormir quando é lua cheia. A mesma força que atrai as mares puxa-as para fora de casa para se banharem na sua luz fria e misteriosa.
Dezenas de estudos científicos apontam para uma estreita relação entre a lua e algum comportamento humano. Não quero ver a lua dessa forma e desse um ponto de vista cientifico. Deixo a lua entregue a si própria, não retirando dela um pormenor do seu mistério e magnetismo.
Dizem que dá azar ver a lua entre as arvores . Eu considerava-me azarado se assim nunca a pudesse observar com a tal luz a brilhar por entre os ramos. O luar tem a magia de transformar cenas triviais em espectáculos de sombras. A lua é capaz de esconder as imperfeições das pessoas, e de mistificar o que é belo em deleite para os nossos olhos. Quem já teve o prazer como eu, de fazer uma “ directa”, já certamente reparou nela em momentos em que se procura o momento perfeito.. È um quadro lindo que já todos vivemos ,mas que perdemos o rasto a essa recordação. Uma cena dessas é o ex-libris do típico amor romântico.
Cada estação empresta á lua uma beleza diferente.. A lua branca e pequena de inverno reflecte a geada ganha beleza com isso. A lua das colheitas é enorme e amarela , tão cheia que o céu parece não poder com o seu peso, tão amarela alaranjada que parece o sol apagado.
Tive a sorte de conhecer na vida quem me deu a conhecer a lua sem nunca dela ter muito falado. Ela dizia ser a filha da lua, e um dia soube que era verdade. Ela é aquela Lua reflectida na água que dança ou se exalta quando alguém perturba a calma do rio. È noctívaga e fica perturbada se sentir o som do silencio. Por isso, ela corre pelas margens da cidade salpicando a noite com a sua eterna beleza. È um satélite com satélites que ela própria concebeu. Sente a vontade de se sentir disparada pelo firmamento enebriada. Ela lembra um disco de som de musica frenética. A um ritmo alucinante e louco, a Lua dançante rasga a noite em direcção á madrugada
varrendo o céu e revelando cenas furtivas de um mundo secreto de luzes intermitentes.
O sol ainda envergonhado vai ganhar o dia, e ela esgotada e sonolenta deixa-se vencer num sono sem sonho. já exausta, vai desaparecendo devido á luz hesitante da manha .
A grande magia da Lua consiste da sua luz que sendo ténue é capaz de iluminar as lembranças e o sonhos de quem a rodeia.
Eu nunca tinha visto isto na Lua se não fosse o facto de ela um dia ter dito. -- Eu sou a filha da Lua , mas tenho algumas duvidas se ela não será a Lua em si.

Anónimo disse...

A influência da Lua na agricultura é um tema que me interessa, de todas as pesquisas que já fiz, apenas conclui que afinal não há bases cientificas que o provem. A Lua interfere sim nas marés, agora nos tomates e couves...deixa-os por sua conta. A luz que a Lua emite é minima para produzir um efeito directo sobre as culturas. Talvez seja um Mito, o certo é que organizamos muitas das nossas actividades tendo em conta a nossa amiga Lua.
Ao olhar pela minha janela vi a Lua e ela disse-me que está na hora de dormir !!!

Anónimo disse...

Canis por favor não te metas nos assuntos das mulheres, que coisa !!!!

Anónimo disse...

Vou cantar qualquer coisita especialmente dedicada ao pratitamem, para ver se começa a gostar do canto do rouxinól (já alguma vez terá ouvido algum? É que tem um chilrear inolvidável.)
O tema dos comentários está a ser induzido pelo primeiro destes. Não está mal, mas ainda espero ver algum sobre porcas barrondas.
Mas não vou ser eu a mudar o tema. E assim, gostaria de alertar todos os comentadores e demais público em geral, para o fenómeno que terá lugar no próximo dia 3 de Outubro: o eclipse do sol. A lua deverá nesse dia ocultar e ofuscar parcialmente o sol. O próximo eclipse semelhante terá lugar apenas em 2028 (o que poderá ser tarde para alguns de nós!). Infelizmente, as regiões privilegiadas para a observação de tal fenómeno serão o Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, ou seja, longe desta nossa Aldeia.
Um alerta: durante a ocorrência não deverá olhar directamente para o sol, a não ser que disponha de óculos especiais.

Anónimo disse...

Eclipse final


Já todas a palavras foram escritas, todas as rimas foram feitas, acabou o espaço para a palavra. E se na obra literária algo se procura de novo, já tudo terá sido escrito excepto as palavras que descrevem o que se passou no dia seguinte ao Armagedao ( Dia do juízo final). Quando um dia Deus tiver que voltar à Terra, só vai encontrar um vestígio ténue daquilo que nela criou, a sua obra terá sido profundamente alterada. Já não se vai lembrar da beleza que a sua mão criadora nela tinha depositado. E quando encontrar a razão de tanta destruição, vai chorar amarguradamente porque não terá encontrado explicação nem razão da sua hecatombe.
Tudo estaria previsto, não fosse o exagero dos homens pelo amor e das excessivas formas de amar. A História do fim do tempo teria que ser reescrita pela mão do próprio criador, os seus cavaleiros do Apocalipse não terão vindo á terra, o homem por si próprio ter-se-á antecipado criando ele mesmo um fim feito pelas suas próprias mãos. No final da sua existência, a própria criação terá por si mesmo criado um meio para fugir ao destino que o criador lhe reservava : Pela primeira vez na historia da Humanidade , o homem tinha posto e disposto e Deus nada podia fazer.
( continua )

Anónimo disse...

Continuação de Eclipse Final)
texto de 2001

Com o passar dos anos, ficamos com a ideia que a experiência da vida nos vai valer e ajudar a melhor viver o dia seguinte. Foi com essa ideia em mente, que Eila toma a decisão entregar as suas asas de anjo e voltar voluntariamente a ser submetida à terrível experiência de se tornar mortal regressando á vida ou seja, renascer e voltar à terra. No dia em que tomou essa decisão e que tal lhe foi excepcionalmente concedido pelo Próprio Criador, ela tomaria forma que a intervenção divina lhe dava acesso, que era a de voltar a nascer na terra.
Deus não questionou da razão da sua vontade, havia no entanto muito pouco tempo que Eila tinha chegado mas nunca escondera a vontade e o desejo de regressar.
Imediatamente, tal aconteceu, Deus dava a sua autorização só que, inesperadamente e por intervenção humana nesse mesmo segundo acabava toda a espécie de vida no planeta azul. Ficou assim Eila presa entre dois mundos, um que cessara e outro que voluntariamente abandonara.
Não podia renascer, pois já não havia na terra qualquer ventre materno para acolher o seu nascimento e, já não podia voltar atrás nem sabia como o fazer. Eila encontrava-se agora numa neblina celeste viajando ao acaso sem rumo pelo universo. A sua esperança seria a de renascer num daquele outro mundo que o Criador tinha feito mas do qual nunca falará e sempre omitira a criação.

Anónimo disse...

Um OK pró Karraio. Vou certamente, depois de tão douta teoria, passar a estudar melhor as fases da Lua.

Anónimo disse...

Já tive sim, o privilégio de ouvir o chilrear inconfundível desse simpático habitante das terras Xendras. Este nosso Rouxinól porventura também o será.

- Sem querer culpabilizar a Lua, reconheço que a mesma exerce sobre mim por vezes, reacções inesperadas e comportamentos atípicos. Acresce ainda ser do meu conhecimento que a Lua Cheia é a fase que mais influência propõe, sobre este simples filho de Deus.

Assim sendo, seria certamente uma Lua Cheia, daquelas que me atafulham de impotência e mau feitio e me impedem de ouvir a melodia, ao ritmo certo do diapasão.

Procurar o lado negro da Lua em noites de Lua Cheia, será, admito, um disparate. Um OK pra ti Rouxinól.

Anónimo disse...

Pra ti também, um OK chilreado.

Anónimo disse...

Type the characters you see in the picture above

atao mas agora temes que meter letras strangeras??? Tu assim sabes quem sao os anonimus

Anónimo disse...

as letras strangeras servem de protecção ao blog... assim tipo preservativo, mas que não rompe;). permite que não sejam inseridos comentários automáticos do género de publicidades, obcenidades e outras atrocidades que alguns brincalhões informáticos implementam por aki e por ali:). quanto ao anonimato, fica descansado claro colega... só se acreditares muito nas teorias da conspiração!!! Já agora, utilizas luvas enquanto escreves neste blog, hein??? sabias que posso saber quem és através das impressões digitais que deixas nas teclas do teu teclado e que são transmitidas instantâneamente para uma base de dados que criei e que está ligada directamente ao Centro de Informações do SIS!!!

Ah, pois é... eles andem aí, andem, andem...

Anónimo disse...

óra viva! Bem sei que tenho andado um pouco ausente, mas por vezes não é como a gente quer, é como a gente pode, de qualquer das formas tenho acompanhado diáriamente (em leitura)a rapaziada da terra, como sempre.
Hó KARRAIO! Essa rapaziada, à sua maneira, são uns Doutores, estamos sempre a aprender com eles, são tchapados os filhos dum raio.
Fala-se muito à cerca da Lua, no entanto ainda não se lembraram da sua influência na PESCA (nomeadamenda a do Achigã), para quem não sabe a pesca a esta especie de água doce é aconselhada na altura em que surge a lua cheia, porquê não sei, posso especular, talvez por haver mais luz durante a noite o peixe ande mais à superficie, à procura de alimento, ou talvez o peixe ande BARRONDO ...
Já agora, estou a gostar do novo estilo, do Bostik, está mais Aldeão (Xendro)..., entende como sendo um elogio, não é facil ser um aldeão (Xendro), é mais fácil parecer.

Anónimo disse...

(Continuação de Eclipse Final)


È claro que o todo Poderoso sabia desse momento do que tinha acontecido, assim como da situação de Eila, mas resolveu Deus, não poder agora de momento prestar-lhe atenção devido á dor que sentia pela perca de 6 dias de trabalho divino. Toda a obra da criação havia se autodestruido sem que ele tivesse tido na eternidade tempo para dela depositar mais alguma da sua paixão Nessa altura Deus o criador, perdera alguma da sua influencia na terra e toda a sua criação vivia em autogestão, havia vários séculos terrestres. Como era possível tal ter sucedido sem que Deus Ele próprio não o tivesse previsto. Deus do alto da sua omnisciência esconderá isso de si próprio. Infinito e omnipresente, Deus era quem detectava o bem e o mal , sabia combater o mal , a única explicação possível que dava sentido á destruição da terra, era este ter sido um acto de amor.
Entretanto, algures nascia no Universo, uma angélica criança num mundo não muito distante. Este mundo era claro, mais uma obra do Senhor, diferente sim, mas não menos belo, parecia ter Deus aqui ter aperfeiçoado o destino das pessoas e a forma com que se relacionavam e amavam. Para situar cronologicamente este mundo, poder-se ia dizer que ambos teriam sido criados na mesma altura, mas os anos da evolução correram aqui mais depressa , deixando desde logo patente que o respeito pela natureza era aqui algo levado a sério.. O nascer era de modo igual ao da terra , Eila era como qualquer outra criança o era no planeta azul, mas uma diferença era já notória, a sua mãe tinha dado á luz quase sem dor, mas com uma enorme sensação de bem estar e felicidade cujos termos não é possível reproduzir com terminologia pagã . Imediatamente, se criavam uns fortíssimos laços afectivos entre mãe e filha que não encontravam igual em qualquer nascimento na recém destruída Terra . Tudo isto sem a presença de uma lágrima.
Não era imediatamente possível saber qual dos dois mundos teriam sido criado primeiro, encontrávamos aqui e ali reparações e emendas como era por exemplo o facto de neste mundo os animais não terem os adornos ou atractivos que na terra o levavam á sua extinção, o elefante não tinha presas de marfim e a pele dos animais provocava alergias ao corpo do homem. A madeira não tinha aqui as propriedades e utilização abusiva que a tinha no outro mundo embora pudesse ser utilizada como combustível . Entre um e outro mundo, as diferenças tinham sido provavelmente provocadas pelo tempo em que estes não dormiam, fazendo que ao longo dos séculos, toda a sua historia tivesse evoluído mais rapidamente , embora tal não fosse significativamente notório.
Este povo não tinha deus nem, adorava qualquer tipo de ídolo, alguma literatura abordava o assunto mas autocensurando-se , tendo contudo ganho muitos adeptos nas ultimas décadas. Não se tratava de um cepticismo comum ou de uma característica de agnosticismo colectivo, mas antes um pormenor ou faculdade que o próprio criador não lhe terá dado. Os elementos da estrutura social eram semelhante em ambos os planetas, na sua origem todos os seus elementos eram comuns, o parentesco, baseado no reconhecimento social dos laços de consanguinidade e de afinidade, a divisão sexual do trabalho ainda aqui existia também, a consciência do tabu do encesto. A tecnologia e habitat, modo de subsistência , tudo era semelhante . Mas, não existiam crenças, havia uma espécie de conhecimento de toda a realidade. A mente destes indígenas não sentia o nobre desejo e a necessidade de compreender e dividir, ordenar e classificar os elementos que o rodeavam. A procura dos insondáveis mistérios da criação da origem, acentavam em sólidos pilares que as ciências, astronomia e matemática quântica tinha resolvido. Também , neste mundo nenhum profeta ou messias falava de fé porque simplesmente não existia, falava-se de promessas de uma vida melhor baseada na felicidade e prazer imediato e das formas de se poder estar mais confortável com o menor esforço possível.
Foi neste mundo paralelo que Eila nascia , fruto do amor de um jovem casal que aos olhos de um terráqueo o iria no mínimo achado bizarro por razões que me escuso de mencionar.
Eila , nasceu no campo, numa pequena casa equipada com todos os confortos disponíveis da época. Pelo cenário campestre, não era possível adivinhar as diferenças com o outro mundo extinto. Um belo pinhal resplandecente de luz estende-se até ao cimo de um outeiro. No horizonte Sul, recortam-se finas cristas dos ciprestes, mas nem um rumor ali se ouve...apenas, de longe em longe, abafado pela distancia ouve-se um estranho cantar de ave vindo do meio de plátanos. Sem vento nem som, só a luz dá vida a esta paisagem. Bruscamente num desabrido abanar de asas brancas sobe ao céu o que devia ser uma garça, ao que se podia perguntar que tipo de peixe ela a encontraria no seu voo rasante por aqui , grandes e misteriosos são os desígnios do Senhor O homem não tinha noção de sede, o milagre da criação isentava este mundo a depender muito da água, e a fazer com que aos olhos de um terrestre fosse um milagre aqui nascer uma flor. Deus não terá aqui colocado o mar, divino esquecimento ou propositado milagre?, Nenhum rio corria nem nascente jorrava nas montanhas. Deus terá tido algo em mente para não colocar neste planeta, as gaivotas que mergulham no mar, a poalha de espuma que plana ao sol entre duas vagas, o fumo branco do nevoeiro salgado e o hipnotismo do mar. A água existente era extraída do subsolo sendo consumida localmente para limpeza e higiene e pouco mais. Seria eternamente incompreensível entender-se um mundo sem água, talvez Deus aqui se tenha lembrado de Noé e da serpente do Jardim de Éden, pois aqui não existia um reptil sequer , assim como é evidente toda a forma de vida aquática , fosse ela submarina ou anfíbia . Deus terá concedido a todos o Dom de amar mas a poucos o Dom de o compreender.

Não continua se Deus quiser..

Anónimo disse...

Ó Bostik, andaste a estudar para teólogo ou parecido?
Karraio de Deus é esse que descrimina assim os seus filhos e só concede a alguns o dom de o compreender?
"Na minha INFINITA sapiência determino que todos me amem, mas só fulano beltrano e sicrano é que me compreenderão."
É possível amar alguém sem o compreender?
Sinto-me descriminado.
Convoque-se uma manifestação para denunciar mais esta injustiça. De preferência em quarto crescente para melhor reprodução.

Anónimo disse...

Sugeria que se deixasse o domínio do divino e se passasse a algo mais terreno que vem também na sequência do texto do Karraio: o(s) burro(s) - Mamífero da família dos equídeos, doméstico e mais pequeno do que o cavalo, geralmente de cor cinzenta, orelhas compridas, crina curta e um penacho de crinas na extremidade da cauda. Jumento, asno e em vias de extinsão.

Poucas memórias tenho dos meus avós, particularmente da minha avó materna, que perdi cedo, infelizmente antes ainda de comprender o conforto e a doçura de ter uma avó. Mas lembro-me que os meus avós tinham um burro, lembranças que são mais nítidas por terem ficado reproduzidas em alguns daguerreótipos que persistem lá por casa na gaveta das recordações. Para tudo servia o animal: para dar boleia sobre a albarda, para carregar lenha e outras mercadorias nos alforges, para abastecer de água recolhida na fonte da Lameira e transportada nos cântaros equilibrados nas angarelas, para contrabandear alpergatas e tabaco...
Mas hoje já poucos existem. É pena.
Salvem o burro de Aldeia do Bispo!

Anónimo disse...

Ainda o(s) burro(s) e a reprodução de algumas curiosidades que li algures:
O BURRO DOMÉSTICO

"Mamífero solípede, perissodáctilo, menos corpulento que o cavalo e de orelhas compridas.
O burro doméstico (Equus asinus, Lin.) distingue-se dos outros equídeos por ter as orelhas muito desenvolvidas, cauda nua na sua inserção e terminada por um tufo de crinas, pelagem geralmente cinzenta e com uma lista dorsal e outra transversal formando cruz sobre as espáduas. A sua anatomia é inteiramente semelhante, no número e disposição de peças, à do cavalo. Tem, porém, a cabeça mais volumosa, as órbitas mais afastadas, o garrote baixo continuando-se em linha recta até à garupa, o peito estreito, pelo que os membros anteriores são muito aproximados, as apófises espinhosas das vértebras dorsais muito desenvolvidas, tornando-lhe assim o dorso muito proeminente e ainda com a vista, o ouvido e o olfacto mais apurados que os do cavalo.
A estrutura dos burros varia consoante o clima e a raça, tendo em média, no nosso país, 1,35 a 1,45 metros de comprimento, medido de entre as orelhas à origem da cauda, e 1,10 a 1,15 m de altura ao nível das espáduas.
Segundo Sanson, as várias raças de burros actualmente existentes proviriam de duas espécies: a asinus africanus, originária da bacia terciária do Nilo e que se difundiu desde a mais remota idade por toda a Ásia, África e Europa e donde descendeu o nosso burro doméstico, e a asinus europeus, originária do Mediterrâneo, de maior corpulência, que se teria disseminado por uma área mais restrita: parte da Ásia, Grécia, Itália e Espanha, principalmente em Castela e Leão. Admite-se hoje que as diversas raças de burros são originárias da espécie africana e que as diferenças de estatura, que foram para Sanson a base da distinção das espécies, se explicam por acções do clima, pois os burros que habitam os países quentes são de estatura mais elevada e mais robustos e vigorosos que aqueles dos países frios.
A longevidade média do burro é de 15 a 18 anos, mas pode atingir 30 a 35 anos e mesmo mais. O seu completo desenvolvimento opera-se entre os três e os quatro anos e os dentes, que evoluem de uma forma idêntica aos dos cavalos, são, como nestes animais, um bom meio para o reconhecimento da idade.
Nas fêmeas a gestação dura aproximadamente um ano, tendo em cada parto um filho e, muito raramente, dois. Pelo cruzamento das espécies cavalar e asinina obtêm-se híbridos (muares: mus e mulas, produtos de burro e égua ou de cavalo e burra) de grande valor económico, pois são excelentes animais de trabalho por participarem da paciência e rusticidade do burro e da corpulência e força do cavalo.
O burro é empregue quase exclusivamente como animal de carga, mas pode utilizar-se no serviço de sela e de tiro.
De todas as espécies domésticas esta é, sem dúvida, a mais abandonada, pois os criadores, dum modo geral, não lhe dão educação alguma durante o crescimento, sujeitando-o ao trabalho quando atinge a idade adulta por meio de maus tratos, donde resulta que, sendo o burro naturalmente vivo, ágil e dócil, se torna preguiçoso, tímido e teimoso. É incontestável que a maioria dos defeitos que se lhe observam provêm do abandono a que, desde tempos remotos, o burro tem sido sujeito, pois nalgumas regiões do globo, principalmente no Oriente, onde estes animais têm sido e são tão bem tratados como o cavalo, a sua inteligência, vivacidade e beleza são incomparavelmente superiores.
É animal de uma sobriedade notável. Come pouco e contenta-se com forragem e grãos de inferior qualidade que outros animais rejeitariam. A água, porém, tem de ser límpida e sem qualquer cheiro, preferindo sempre as dos regatos e ribeiros já seus conhecidos.
À parte o seu grande valor como animal de carga, pois é capaz de transportar com segurança pesados fardos através dos caminhos mais difíceis, mesmo por escarpas montanhosas, o burro fornece ao homem produtos de grande valor económico. Assim é com o leite de burra, largamente consumido em muitas regiões e que foi, durante muito tempo, considerado excelente tónico, particularmente recomendado para as pessoas debilitadas e com estômagos fracos; tem aproximadamente a mesma composição que o leite de mulher, sendo mais rico em albumina, caseína e sais, mais pobre em gordura e com uma quantidade de açúcar sensivelmente igual. Na Europa a sua introdução na terapêutica data do tempo de Francisco I de França. Este rei , doente havia muito tempo, mandou vir de Constantinopla um médico judeu o qual, depois de o observar, lhe mandou tomar, como único medicamento, leite de burra; como o rei, passado pouco tempo, melhorasse consideravelmente, o seu uso generalizou-se rapidamente.
A carne de burro é muito dura, sendo consumida por muitos povos, simples ou sob a forma de enchidos (salsichão de Lião).
A pele, dura e elástica, tem numerosas aplicações, tais como na fabricação de crivos, tambores, calçado, correias, sacos, etc. Os árabes nómadas fazem as suas tendas com pele de burro.
O excremento, tal como o do cavalo, é um óptimo adubo que se emprega com excelentes resultados para aquecer os terrenos frios.
Os povos antigos serviam-se ainda dos ossos dos burros para fazer o corpo das flautas, certamente porque eram mais duras e mais sonantes que as feitas de ossos das outras espécies".
Não deixa de ser interessante, não lhes parece?

Anónimo disse...

Quando li o texto anterior achei interessante e não tão extenso e porventura maçador como agora parece aqui reproduzido. Mas existe sempre a liberdade de não lerem e passarem à frente.

Anónimo disse...

Raios trinta vos pariram! Agora é que "BURRARAM" a escrita toda. Bostik, definitivamente nunca poderás ser um Aldeão (XENDRO), nem tão pouco parece-lo. Em relação à/ao "ANGARELA", não vás pelo mesmo caminho, já dizia a tua avó materna (Deus tenha a sua alma em descanso), junta-te aos bons, serás como eles, se te juntas aos maus serás pior do que eles.

Anónimo disse...

??? Ena! Temos aqui tecnico de grafilogia especialista em Gomes Eanes de Zurrara em sistema Braile. Tambem madeireiro de arvores geneologicas nas horas vagas

Anónimo disse...

Pelo respeito que merecem os autores deste nosso cantinho e a quase totalidade dos seus participantes, não estou disposto a cair na tentação de entrar em jogos de palavras, nem dar quaquer importancia a alguns comentários, que não tem sequer qualquer classificação.
Por vezes é preferivel ignorar alguns conteudos, principalmente quando passam a fronteira do provocatório para o ordinário, é uma questão de bom senso.
Adiante...
Mas escrevia eu no meu penúltimo comentário acerca de a lua influênciar a pesca, nomeadamente a do Achigã. E para todos os pescadores que se deslumbram ao pescar um belo dum Achigã, começou mais uma época de desafios: a do tempo frio, da chuva e dos dilemas: fim-de-semana em casa à lareira (no quentinho) ou na albufeira, a tentar pescar um troféu, ao frio? Cremos que esta última hipótese prevalece, e para conseguir bons resultados, há que ir preparado! Como é apanágio da pesca ao achigã, nunca há certezas, e dizer que no Inverno apenas podemos utilizar, este ou aquele tipo de amostra seria falso, pelo que cabe a cada pescador analizar a sua albufeira favorita e compreender como "funcionam" os achigãs residentes, para se melhor equipar em termos de iscos e fazer frente à desconfiança natural deste predador, Por último resta-me desejar boa sorte e boa pescaria.

Anónimo disse...

Já agora, um bom fim de semana para todos, até mesmo para ti, BOSTIK, saber perdoar é uma virtude.

Anónimo disse...

Oxalá tenhas razão, cadamónhe, e em breve possamos estar à lareira enquanto na rua chove a cântaros, paus e picaretas, e alguns mais resistentes andam ao frio a pescar achigã!

Anónimo disse...

Não percebi se estou perdoado ou s que tenho que ganhar virtude pedindo desculpa.

Anónimo disse...

Hoje saiu-me na rifa vir trabalhar ás cinco da "matina", mas esta segunda feira é certinho haja Lua ou faça Sol lá vou eu mais dois dos meus manos á aventura do Achigã (Bass), para a barragem da Meimoa. Este ano ainda nada nem um "palmeiro" se quer ao menos. Duas ou três vezes a bóia ao fundo mas largaram sempre. O isco já se sabe cerca de cinquenta "pardelhas" e sempre atento á bóia.

Depois ao meio da manhã para retemperar forças o Belo do farnel com os enchidos o presunto e queijinho da Aldeia empurrado com um tinto VQPRD DOC, de preferência da Raivosa. O amigo Cadamónhe já vi que é aficionado de maneiras que está convidado, basta trazer a cana e a licença. Nada para desanuviar como uma bela pescaria. O caríssimo Bostik também pode vir, se não quiser trazer cana trás um livrinho ou uma revista, National Geographic, por exemplo digo eu, o que lhe apetecer e enquanto nós pescamos vai lendo. Claro está ao meio da manhã pára tudo por via da bucha.

Anónimo disse...

Nunca me tinham dado um OK chilreado, de maneiras que ando aqui de um lado para o outro sem saber o que fazer ou para onde ir, pareço um tonto. Rouxinól sossega o espírito deste pobre mortal por favor! Ès passarinho ou passarinha? Aproveito a oportunidade para dizer que o pseudónimo Angarela soa-me a interessante.

Anónimo disse...

Lamento, Pratitamem, mas não vai ser possível sossegar o teu espírito. Deixo, porém, a todos os leitores deste espaço e antes de procurar outras paragens até à próxima Primavera, um belo soneto de um outro espírito desassossegado (tanto s):
"Toda esta noite o rouxinol chorou,
gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma de gente,
tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és, talvez, um sonho que passou,
que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, alma doente
de alguém que quis amar e nunca amou!
Todo a noite choraste ... e eu chorei
talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
que ninguém é mais triste do que nós!
Contaste tanta coisa à noite calma,
que eu pensei que tu eras a minh'alma
que chorasse perdida em tua voz!"
(Alma Perdida - Florbela Espanca (1894-1930))

Anónimo disse...

Como alguém escreveu algures na Baságueda, o Changoto e o Karraio, tem a capacidade de nos criar emoções. Tu tiveste a capacidade de me emocionar. Pois é, é assim o poema da minha vida, embora mantenha a esperança de que um dia, dois comboios se cruzarão de novo á mesma hora, na mesma linha na mesma estação.

Rouxinól, espero que ultrapasses esse Inverno com perseverança e que quando de novo trouxeres a Primavera que a tua melodia se possa ouvir desde a Ribeira da Baságueda, até Aldeia do Bispo.

Anónimo disse...

Ainda "!vosses" piada com "voses" dizem isto e aquilo. Este Post estes com. dizem tudo sobre como é possivel, o ser humano usar armas, lembro-me da ex-jugoslávia. È incrivel, não saimos da Aldeia. Neste mundo tudo é possivel, basta não falar. Mais vale ter inveja e depois gomitar, aparece sempre alguém que nos provoca o vómito, mas, que no fim da noite, nos tenta sorfer as entranhas. Eu consumo sempre o que "injiro" mas de manhã quando acordo, o mundo é sempre mais justo e eu já esqueci a magua de quem queria pensar por mim, até de quem queria pensar por mim, mesmo de quem com pseudoqualquer coisa, fez alguma maldade de transferência, ofendendo, pessoas que são quaze da minha familia, os nossos únicos polos de ligação, que compramos a preço de saldo há muito tempo, por via de um amor fraterno há muito tempo. Que dura realidade, pra mim que tenho dias assim? Bem acho que sou consciente? Adorei sem saber quem era, agora sei o Cadamónhe, senti que éra regulador, sem ser animal, se eu fosse do bloco, diria que é demasiado honesto e demasiado sério, mas se eu fosse do pp, diria que é demasiado sério e demasiado honesto. A Amizade é pra mim qualquer coisa de fundamental, não conseguiria viver sem isso, tenho cinco irmãos que são a essência da minha vida, mas eu era incapaz de viver sem esses outros e outras, mais isso que me fazem sentir homem, pelo simples facto de serem mulheres, Claro também bonitas e inteligentes, ou pelo menos uma das coisas em demasia, ou as duas em equilibrío, porra tanto telefonema. sim sim.

Pratitamem disse...

Aproveita-se o facto de que o vem de longe, tem que se liga,,a minha criação a minha querida mãe, está muito mal do coração....