terça-feira, julho 17, 2007

A NOSSA FALA - XC -(t) CHANCA

Era costume os mais velhos procurarem passar rasteiras aos mais novos. Sobretudo se fossem estudantes,então, o prazer era redobrado já que o gozo aumentava quando constatavam que «aqueles que andavam na vida da escola se esqueciam da escola da vida». Foi assim que o Zé Guerrilhas, sapateiro afamado, mais amigo de vinho que as próprias uvas, um dia me faz esta questão:« Olha lá, tu que andas lá na estudantaria, vê lá se desatravancas este problema: O que é que para um não chega e pra dois é demais?» a verdade é que não descortinei a solução e Zé Guerrilhas, todo inchado porque ia insiner um estudante sai-se com esta: « estás ali a ver a passagem para o chão do Sardones por detrás da casa queimada?» «Estou, mas o que é que isso tem a ver ...» «Espera que já vês... Quando a ribeira leva água tu só com uma (t)chanca não consegues chegar ao outro lado, mas se puseres uma poldrinha ao meio até nem precisas de dar grande salto porque já te sobra terra onde pores os pés. Vês tu que para uma não chegava mas para duas já era muito?» Lá tive que conceder razão ao velho Guerrilhas que, raro era o Domingo em que não se pegava com alguém, até mesmo com os irmãos Chquim Guerrilhas e Mné Maneta.
As coisas são como são; só o homem é que não é como é. Quer sempre parecer! É por isso que, por exemplo Marques Mendes que é pequeno (sob muitos pontos de vista) quer parecer grande; por isso Sócrates que é grande quer parecer gigante e por isso ninguém o cala nas basófias... foi por isso que Hitler se tornou lider na Alemanha Nazi e pela mesma razão Mussolini o queria imitar na megalomania que não no tamanho!
Chaplin escalpelizou isso de forma indelével em o Grande Ditador...
Mas... quanto mais alto se sobe de mais alto se cai... veja-se Hussein, veja-se Salazar, veja-se Franco, veja-se Ho Chi Min, veja-se Filipe II de Espanha e I de Portugal, Carlos V e o mais que quisermos.
Queremos sempre parecer mais do que somos. Mais grave: queremos ter sempre muito mais... Longe vão os tempos da AUREA MEDIOCRITAS e do ' baste a quem basta o bastante de lhe bastar' do nosso Pessoa...
Por natureza e agora também por cultura e logo por civilização, o homem quer sempre transcender-se. Chega mesmo a devorar-se a si mesmo! Mais não faz do que repetir as leis do neo liberalismo económico que tão desgovernadamente nos governa. Afinal o que quer a COCA COLA? - destruir a Pepsi para ficar senhora do mercado; e que quer a Sony? - tornar os seus próprios produtos obsoletos porque se ela o não fizer, logo vem a Samsumg que o fará. .. E assim andamos.
Agora até criaram e já alguns praticam a Flexi-segurança...! enfim...
Outro pormenor de não menos relevância é o desejo de Transcendência. O Homem furou as núvens: foi-se até à divindade. E aí joga conceptualmente com o absurdo como regra lógica: no caso concreto do catolicismo lá está a Revelação como o fundamento: Deus humaniza-se, a Virgem é mãe sem perder a virgindade, o Pai é um com as outras duas pessoas, o pão é corpo e o vinho é sangue, o imortal morre, o infinito limita-se, a forma materializa-se o espírito reifica-se... A Fé é por excelência a lógica do Absurdo.
Dizem que são mistérios e, portanto, DOGMAS : é a negação do homem: deixa de pensar para acreditar. Temos que volver a Pessoa: A Fé é cega!
Um pensador Dinamarquês: Soren Kierkggaard, falava num hiato ou intervalo que faria a ponte entre o deus humanizado e o homem deificado e a salvação do homem só era possível num estádio último de vivência - o estádio religioso - em que o homem se encontraria sozinho perante Deus, mais ou menos como Abraão no Sinai. A Fé destrói deus.
Abraão porque nunca vacilou na obediência às ordens do deus da sarça ardente, obriga Deus a emendar a mão e a disponibilizar um carneiro para substituir Isaac seu único filho de Sara, já atado na pira para ser imolado pelo fogo...
Isto sim que foi uma grande TCHANCA!
Ao homem já não bastava este mundo: inventou outro e promete-o com argumentos e subterfúgios do mais caricato que imaginar se pode. Outra TCHANCA: salta-se do real para o imaginário; ou para o mítico, se preferirmos. Já não há intervalo como no dinamarquês: Ele está aqui no meio de nós; sem mais. Que grande TCHANCA.
E o mais grave é que não bastava já uma religião... Outras aparececeram do mesmo jaez e com argumentos mais ou menos paralelos lá vão também dando grandes TCHANCAS porque o que para um é pouco para dois é muito. Tinha razão o velho Guerrilhas. Eu é que na altura não o soube ler convenientemente e nem sei se agora o consegui...
É decisivo que saibamos medir as distâncias e, se vemos que não podemos lá chegar, mais vale dar uma volta e ir por terreno seguro... Assim não me escorrega o pé e não fico marcado pelo lodo do lapacheiro para onde escorreguei por me ter faltado o pé...
Pronto! está bem... Chega de sermão. Fico-me por aqui senão já dizeis que também eu sou mais papista do que o Papa. E Então do que este Ratzinger! LIVRA! Fujo à TCHANCADA. Fazei o mesmo!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma delícia! Já percebi que qualquer que seja a palavra ou expressão tu consegues fazer maravilhas.As coisas que eu já aprendi aqui!
Fazes-me lembrar a minha avó...nem sei bem a razão... Nunca deixes de escrever!

Anónimo disse...

Cum filha da puta, Rais trinta ma partam, alma dum raio, cum catrino, ALMA DO DIABO, onde raio vai ele a desencantar esta faladura toda?
Cum catrino, ate sabe quem e o Mastroideu, ou Kierkggaard ou la o que e!
Demorei quinze minutos pra ler tudo!